quarta-feira, 23 de junho de 2010

Construção 1

Ao meu amor,
Agora distante,

Uma carta escrevo sem o desejo de que leias,
Por entre linhas e pensamentos,
Entre a minha loucura e os tormentos,
No meu tudo quase nada,

Ao meu amor,
Um vez contente,

Quero ver-te novamente,
Deitar minha cabeça sob a tua,
Beijar-te loucamente,
E ver-te dormir sob o brilho da lua,

Ao meu amor,
À media luz,

De forma doce, porém selvagem,
Sentirei o atrito entre nós,
E o alegre brilho da tua voz,
Transforma-se em miragem,

Ao meu amor,
Que agora partiu

Deixou em minha a sua ausência,
Furtou-me a Alma e a Vontade,
E agora peço clemência,
E fico só com a Saudade,

Ao meu amor,
De todo instante,

Que cure logo minha ferida,
E diga-me como amante,
Na fantasia que é esta vida,
Eternamente,minha.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Conto 3.

Era uma tarde de verão, a menina corria alegremente entre os brinquedos do parquinho, sua mãe estava sentada em baixo de uma árvore frondosa, em cima de uma toalha vermelha com detalhes quadriculados, uma cesta de coisas gostosas também era vista ali.

Um menino magro,alto, de cabelos castanho claros estava sentado em um canto do parquinho, ele tinha a cara triste. A menina se aproximou dele.
- Oi, você está bem? - Disse a menina encarando o garoto, os olhos cor de mel dela retratavam uma preocupação.
- Estou. - Disse o menino de forma fria, comos e quisesse que ela fosse embora.
- Você não quer ir brincar? - perguntou a menina.
O menino apenas levantou a cabeça e a encarou, os olhos cinza-chumbo encontraram os olhos mel-vivos da menina, depois desviaram para o pequeno pingente que ela usava.
- Esse colar é muito bonito. - Disse ele.
- Obrigada.- Disse a menina corando, suas bochechas estavam ficando tão vermelhas que, se as rosas do parque pareciam pálidas se comparadas.- Eu ganhei quando nasci, meus pais me disseram que foi deixado na porta da minha casa. - Disse ela sorrindo, um sorriso tão doce que podia-se encher um pote de mel.
-Filha! - Uma voz gritou ao longe.
- Minha mãe está chamando pra lanchar, não quer ir? Você vai adorar os bolinhos da mamãe, são delicioso...Vamos, você tem cara de que está com fome. - Disse a garota puxando o braço do menino.

Os dois caminharam em direção à árvore, a mãe tinha preparado o prato da filha e, ao ver o menino, começou a preparar outro.

- Mãe, esse aqui é o meu amigo. - Disse a menina sentando-se ao lado da mãe, e prendendo os cabelos cor-de-avelã com uma fita verde.
- Olá. - A mãe disse sorrindo. - Você quer um bolinho? E que tal uns biscoitos?
- E-eu....- O menino saiu correndo colina abaixo, seu coração palpitava, ele correu em direção ao pequeno bosque.
-Espere, volte aqui! - Gritou a menina que saiu correndo em direção a ele.

Ao atravessar o pequeno bosque, a menina apenas vira dois homens altos, com os cabelos da mesma cor dos cabelos do menino.

- Perdão, viram um menino passar por aqui? - perguntou a menina.
- Vimos sim. - Respondeu um deles. - Ele correu pra bem longe.
- Menina, volte para sua mãe, sim. - Disse o outro.

Ao ver que a menina já estava longe o suficiente, um dos homens baixou os óculos escuros, revelando olhos cinzas como a lua cheia.

- Você viu? Ela tinha um colar, era prata celestial, pude sentir a pureza que exalava dela.
- Ela é protegida por algo que não podemos desafiar, pelo menos, não ainda. - Disse o segundo homem. - Aquele idiota, como pode proteger essa criança, o que ela tem de especial?
- Não sei ao certo, mas na hora devida iremos saber, ele teve suas razões.

Os dois homens caminharam em direção a uma parte sombria da floresta e desapareceram.
Ao ver que os dois sumiram, de tras de um arbusto, saiu o menino que transformou-se em um homem.

- Aqueles idiotas, ainda bem que a prata celestial conseguiu cobrir a essência angelical da garota... eu devo ser mais cuidadoso, não posso deixar que ela caia em mãos erradas. - Ao dizer isso desapareceu em um borrão de luz negra.

Trancado.

É estranho como as coisas acontecem,mas, mais estranho ainda, é como as coisas deixam de acontecer, uma chamada de um nome em minutos antes, uma aceleração que não foi tão bem acelerada e ,até mesmo, um amor, que não aconteceu porque uma das partes estava sempre atrás do seu escudo.
Numa tarde de domingo, enquanto todas as pessoas estavam distraídas com uma partida de futebol, eu estava em meu quarto, embora estivesse realmente quente e meu quarto fosse realmente abafado, eu estava de calças jeans, estava lendo um livro que comprei ontem. De repente, me veio a cabeça um pensamento sobre as vezes em que eu me sentia preso, como se o mundo me obrigasse a ficar trancado no meu quarto porque nao posso fazer parte dele, visto que não tenho as características necessárias para fazer parte da sociedade.
Eu estava pensando no quanto eu me sentia preso como numa jaula. E comecei a ver que eu estava preso a UM dos tipos de gaiola que existem.

A gaiola escudo- minha jaula preferida, protege quem está dentro de tudo que está lá fora, literalmente tudo, protege das violencias, dos medos, dos gritos, das tristezas, das alegrias, dos dias de sol, essa gaiola é tão forte que até mesmo do amor ela consegue proteger...talvez eu tenha me expressado mal, do amor,talvez ela não proteja, mas ela consegue proteger do que eu chamo de faísca...aquilo que você sente quando o amor chega....Aqueles que utilizam a gaiola escudo normalmente querem evitar o mundo por medo do que lhes possa acontecer.

A gaiola espada- Essa gaiola é peculiar, diferente da de cima, essa jaula não prende seu prisioneiro, ela apenas o cobre, uma camada ilusória...essa gaiola é aquela que serve de pele de leão pra proteger o cordeiro.

Devemos ter cuidado com as gaiolas as quais nos prendemos, as vezes, quando mantemos uma posição muito defensiva acabamos que nos sentimos presos no fim do jogo, quando nos damos conta já estamos cercados e o nosso Rei já está pronto pra sofrer um Xeque-Mate.

Procurar sempre o equilíbrio entre o ataque e a defesa, entre prender-se e soltar-se, não se solte ao mundo, você pode se perder, não se prenda na sua bolha, você pode sufocar. Seja seletivo com quem deixar entrar na sua gaiola, ouvi dizer que assassino mais brutal é aquele que já conhece a cena do crime.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Outro conto.

A tarde era tranquila, um pai e uma mãe estavam com os rostos cansados, como se tivesse passado a noite em claro. Porém, por trás do cansaso, podia-se ver um brilho, como se algo os revigora-se e enchesse de jubilo. Os dois estavam ali, naquele quartinho cor-de-rosa iluminado pelo pôr do sol, e dentro daquele berço, por tras do dossel, uma pequena menininha estava deitada, como um anjo.
Ela não devia ter mais de 40 centímetros, os poucos fios cor de avelã combinavam de uma forma agradável com seus olhos cor de mel, que encaravam os pais de uma forma como se esperasse uma reação.
Do lado de fora da casa, quando o último raio de sol se apagou, dois homens vestidos em sobretudos pretos,mesmo que estivesse quente demais para se usar um sobretudo, podiam ser vistos.

-Você sabe que não deveria estar aqui. - Disse um deles que estava usando óculos escuros.
-Eu sei. - Respondeu o outro apenas encarando a janela do quarto da menina.
-Logo nossos chefes vão notar a sua ausência, sabe como ficam esses humanos se não aparecemos na hora certa...
-Só mais alguns minutos...
-Você tem que parar de ficar visitando essa casa, não está na hora de ninguém que mora aqui.

O segundo homem ficou calado, apenas continuava a observar.
-O sorriso dela, o modo como os olhos, a boca e as bochechas se combinam em uma forma melodiosa e doce...tão doce que faria uma colherada de açúcar ter um gosto amargo. Acho que a Criação estava inspirada naquele dia...- Disse o homem sem tirar os olhos da casa.
-Vamos,recomponha-se, ela só mais uma humana...
O homem continuou olhando a casa, por trás de seus óculos escuros, podia-se ver o brilho de seus olhos cinza-prateado. O som de uma buzina ao longe o despertou do momento nostálgico.
-Está bem, vamos embora. - Disse finalmente. - Mas antes...- E tirou do bolso um pequeno embrulho vermelho e deixou ao pé da porta.

Os dois homens saíram em direção ao final da rua e, quando já não podiam mais ser vistos desapareceram com uma rajada de vento, como se fossem feitos de poeira.

Anexado ao pequeno embrulho um cartão:

Cuidem bem dela,
Vocês não sabem a sorte que é ter um anjo como filha.
Passar bem,
.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sobre a saudade

Ahh, a saudade, como pode um sentimento ser tão bom e tão ruim ao mesmo tempo? A sensação doce e amarga da saudade. O aperto, às vezes, sufocante, tão forte que impede a oxigenação do cérebro e nos faz perder a noção.
Sobre os tipos de saudade...Existem, para mim, dois tipos de saudade, a saudade curável e a incurável...por ironia do destino, a saudade curável é a dita suadade daquilo que já morreu, onde o remédio chama-se conformação, conforme-se de que o seu amor deixou de viver, conforme-se que seu pai,sua avó se foi...essa saudade, com o tempo, passa. Agora, a mais cruel de todas as saudades é a saudade dos vivos, afinal, pra que essa saudade exista, faz-se necessário um sentimento, o sentimento da impotência...e isso maximiza a força da saudade de tal forma que, nem mesmo Hércules conseguiria deter... Ter saudade daquilo que está ali, mas que não se pode ter, ter saudade da pessoa que você ama, e ela está longe. Essa saudade é cruel.
Porém, há uma saída pra isso, pra que ela nao aperte TANTO.
Chama-se Desapego, apegar-se às coisas é um mal muito grande, piora ainda quando estamos falando dessa doença chamada Saudade.
Agora, sejamos sinceros, que às vezes é difícil desapegar de algo, ahh, isso é, nunca disse que fazer com que a saudade se torne mais fraca era algo fácil, mas se conseguirmos vencer o apego...já é meio caminho andado...alguém aí conhece um bom rehab pra isso?

sábado, 5 de junho de 2010

Vibração Sombria II

Na sombra da hora,
Por entre os reflexos do tempo,
O brilho eterno de outrora,
É entregue a outrem, em dado momento,

Os sussurros de uma lembrança,
No tormento dos segundos,
Conflitua-se com os mundos,
E perdem-se em sua dança,

Em seu negro aproxima-se,
Silenciosa e cheia de graça,
Seu desejo final não disfarça,
Da hora de uma vida mal vivida,

A lançada a propria sorte,
Nas esquinas do tempo e da alma,
Perde-se a vida com calma,
E pressente a vibração sombria da morte.