quarta-feira, 16 de junho de 2010

Outro conto.

A tarde era tranquila, um pai e uma mãe estavam com os rostos cansados, como se tivesse passado a noite em claro. Porém, por trás do cansaso, podia-se ver um brilho, como se algo os revigora-se e enchesse de jubilo. Os dois estavam ali, naquele quartinho cor-de-rosa iluminado pelo pôr do sol, e dentro daquele berço, por tras do dossel, uma pequena menininha estava deitada, como um anjo.
Ela não devia ter mais de 40 centímetros, os poucos fios cor de avelã combinavam de uma forma agradável com seus olhos cor de mel, que encaravam os pais de uma forma como se esperasse uma reação.
Do lado de fora da casa, quando o último raio de sol se apagou, dois homens vestidos em sobretudos pretos,mesmo que estivesse quente demais para se usar um sobretudo, podiam ser vistos.

-Você sabe que não deveria estar aqui. - Disse um deles que estava usando óculos escuros.
-Eu sei. - Respondeu o outro apenas encarando a janela do quarto da menina.
-Logo nossos chefes vão notar a sua ausência, sabe como ficam esses humanos se não aparecemos na hora certa...
-Só mais alguns minutos...
-Você tem que parar de ficar visitando essa casa, não está na hora de ninguém que mora aqui.

O segundo homem ficou calado, apenas continuava a observar.
-O sorriso dela, o modo como os olhos, a boca e as bochechas se combinam em uma forma melodiosa e doce...tão doce que faria uma colherada de açúcar ter um gosto amargo. Acho que a Criação estava inspirada naquele dia...- Disse o homem sem tirar os olhos da casa.
-Vamos,recomponha-se, ela só mais uma humana...
O homem continuou olhando a casa, por trás de seus óculos escuros, podia-se ver o brilho de seus olhos cinza-prateado. O som de uma buzina ao longe o despertou do momento nostálgico.
-Está bem, vamos embora. - Disse finalmente. - Mas antes...- E tirou do bolso um pequeno embrulho vermelho e deixou ao pé da porta.

Os dois homens saíram em direção ao final da rua e, quando já não podiam mais ser vistos desapareceram com uma rajada de vento, como se fossem feitos de poeira.

Anexado ao pequeno embrulho um cartão:

Cuidem bem dela,
Vocês não sabem a sorte que é ter um anjo como filha.
Passar bem,
.

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