Morango, fora doce como morango, ou teria sido amora? Não lembrava ao certo o sabor, lembrava-se da textura, do movimento, da sensação de borboletas querendo devorar seu estômago, mas o sabor lhe faltava. E só o fato de lembrar essa história, a boca ficava trêmula e a língua começava a dançar desajeitada por entre os dentes.
Era dia 31 de dezembro, todos estavam comemorando no hotel que ficava a beira-mar. Ele havia fugido daquela bagunça, escondendo-se em uma das mesinhas vazias perto da piscina.
Não gostava daquele alvoroço, pessoas gritando e bebendo, achava tudo àquilo insuportável.
De tão distraído que estava, não reparou na menina sentada na borda da piscina com os pés dentro d’água, ela o encarava.
Num surto de atitude, algo que sempre lhe faltara, ele gesticulou para a menina, indicando a cadeira ao seu lado.
Um rubor preencheu as maçãs do rosto da menina. Ela levantou, calçou as sandálias, mesmo com os pés molhados e andou até a mesa, sentando-se na cadeira próxima à do menino.
- Como é o seu nome? – perguntou o menino sorrindo de leve.
- Jolie. – respondeu a menina, enrolando o dedo nos cabelos castanhos. – e o seu?
- Marco. – disse, encarando os dois jades que eram seus olhos. – Linda
- Que foi que disse? – ela olhou espantada.
- Seu nome, vem do francês, significa linda.
- Ah.
- Ma-mas você é. – falou corando.
- Obrigada. – Sorriu.
A mão dela sentiu um leve carinho vindo da mão dele, que pousara, gentilmente, em cima da sua.
- Quer beber alguma coisa? – perguntou ele dando um sorriso torto.
- Adoraria. – assentiu ela.
Ele correu para o bar, próximo da piscina, lá pegou duas latinhas de refrigerante e correu de volta para a mesa.
- Aqui! – disse entregando na mão dela.
Ela pegou a lata e sorriu.
- O que é isso que você está fazendo com o anel da latinha?
- É uma brincadeira que minha mãe me ensinou, você mexe o anel para trás e para frente, na letra que parar é a inicial da pessoa que te ama de verdade.
- Legal, vou tentar.
Os dois arrancaram os anéis em ordem dessincronizada, primeiro ele e três movimentos depois, ela.
Ele cogitou perguntar que letra tinha dado, mas acho melhor não.
- Vem cá! – disse ela, levantando-se da cadeira e puxando-o até a borda da piscina.
O toque da mão dela na dele o fizera sentir um delicioso arrepio.
Ela sentou e colocou os pés na água, em seguida ele fez o mesmo.
- Que noite mais linda! – exclamou a menina, olhando para o céu estrelado.
- Não tão linda quanto você. – ele deixou escapar, com isso, seu rosto ficou mais vermelho.
Ela corou de leve, sua mão tateou até a dele. Eles se entreolharam.
Ele aproximou seu rosto até poder enxergar as sardas do rosto dela, o som de fogos de artifício explodindo ao fundo.
Estiagem
Há 5 anos
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